sexta-feira, 14 de outubro de 2011

o anjinho na literatura brasileira

© the thanatos archive
 É já de 2002 o artigo intitulado "Os funerais de "anjinho" na literatura de viagem", habilmente escrito por Luiz Lima Vailati para a Revista Brasileira de História.

Tendo como base a literatura constituída de relatos e memórias de viagem, Vailati analisa as práticas e representações da morte da criança nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro nos períodos Brasil colonial e imperial (1822-1889).

"Sobre o "anjinho", os visitantes estrangeiros se mostraram favoravelmente surpresos pelo esmero em que esses pequenos defuntos eram arrumados e expostos. "Prazerosamente", "ricamente" são os termos por meio dos quais homens como John Lucccock, já no começo do período estudado, e mais tarde Daniel Kidder, lançam mão para descrever a maneira pela qual eram preparadas as crianças. [...] Assumindo uma dimensão de insondável importância, devia-se cuidar do aspecto pelo qual o corpo se ia apresentar no reino dos mortos [...] Residindo no Brasil em meados da década de 1840, Thomas Ewbank mostrou-se particularmente interessado por esse aspecto do cerimonial fúnebre no Brasil. No caso das crianças, ele nos informa que em alguns casos as crianças eram vestidas como santos: As crianças com menos de 10 e 11 anos são vestidas de frades, freiras, santos e anjos. Quando se veste de São João o cadáver de um menino, coloca-se uma pena em uma das mãos e um livro na outra. Quando é enterrado como São José, um bordão coroado de flores toma o lugar da pena, pois José tinha um cajado que florescia com o de Araão. A criança que tem o mesmo nome que São Francisco ou Santo Antônio usa geralmente como mortalha um hábito de monge e capuz. Para os maiores, São Miguel Arcanjo é o modelo. Veste-se então o pequeno cadáver com uma túnica, uma saia curta presa por um cinto, um capacete dourado (de papelão dourado) e apertadas botas vermelhas, com a mão direita apoiada sobre o punho de uma espada. As meninas representam "madonas" e outras figuras populares." © Luiz Lima Vailati


Obrigada odepórica pela partilha. O artigo pode ser consultado aqui.


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