terça-feira, 31 de maio de 2011

cristos, toscos e feios


Quer levar tudo, pode levar. Só lhe digo que é um bocado pesado... Ainda não fechei porque não houve ninguém que levasse tudo. Estou cá todos os dias depois das duas. Às cinco vou-me embora porque não vem ninguém. Se a menina não vai ali chamar-me eu não vinha ter consigo. As pessoas entram e eu não ligo. Ninguém leva nada, ninguém dá valor ao que eu faço. De anos a anos, lá vem alguém que sabe olhar e aí eu vendo. Mas é de quarenta em quarenta anos... Só faço pelo prazer de fazer. Não sou entalhador, sou marceneiro, mas faço Cristos e Nossas Senhoras. Como esta, só há esta, é uma obra única, não faço duas iguais. Quanto mais feios melhor, porque bonitos há muitos por aí.




A casa para o grilo, 2011.
Têm na mesa de trabalho uma imagem de madeira de Nossa Senhora do Sameiro, tosca, de olhos esbugalhados, pintada à mão. Leva três ou quatro meses a fazer. Aqui só compra quem sabe ver. O grilo precisava de uma casa. Aqui está ela, pintadinha como eu sei, toda de madeirinha.



Às vezes deixam cá móveis para restauro. Quando gosto, peço para fazer uma cópia e faço uma para mim. Tudo feito por mim, como já ninguém faz. Agora querem tudo liso.
Na loja e oficina de David Gomes há mísulas, peanhas, contadores, mesas, louça, um chapéu usado por Salazar, cómodas com puxadores embutidos de marfim, Virgens e Cristos, e aqueles que já foram vendidos e levados para uma exposição DO PORTUGAL no Canadá têm seu lugar assinalado por uma caixa branca onde se lê: "Foram daqui os Cristos para esta exposição..."


A oficina de fazer móveis à mão, à rua do Anjo (antiga rua 13 de Fevereiro), passou do avô para o pai de David Gomes, que tem duas filhas. Mesmo que tivesse um filho, não o ensinava. Sabe porquê? Para não ter de ouvir: - Ai, tão caro!!!

© All rights reserved by Catarina Miranda Basso 

domingo, 29 de maio de 2011

rua do Raio


Correio do Minho, 29 de Maio de 2011.
© Arquivo Aliança | Museu da Imagem | C. M. B.


José de Araújo, leitor do Correio do Minho, ligou-nos hoje de manhã para contar um pouco da história da fotografia que saiu hoje no jornal. José (8 de Maio de 1932) foi "nascido e criado na freguesia de S. Victor",  encontrando-se actualmente a residir em S. Lázaro com a esposa, Ana Carvalho de Almeida (filha do "Mica", David Peixoto, que foi jogador do Braga). O único filho, os dois netos e os três bisnetos vivem em França. José recorda-se das ruas de Braga, de como elas eram, como as palmas das suas mãos, da altura desta imagem, da sua infância. Esta imagem corresponde à rua da antiga creche de Braga, a rua do Raio...
Mais adiante, nas oficinas de S. José, ficava um campo de futebol, que foi daqui para os Peões. Por trás da creche ficava a Quinta do Peixoto.
Nesta altura a creche tinha alunos internos e externos, desde os mais pequeninos até ao terceiro ano. José frequentou a creche até  à 3.ª classe. Foi aluno da D. Arminda, professora angolana, que vestia sempre de preto, "como uma dama antiga". A 4.ª classe foi feita em  S. Lázaro, com o professor Guimarães. Fez o 6.º ano na Escola Industrial Carlos Amarante,  curso de marcenaria, o que lhe deu entrada na famosa oficina de Fânzeres. Depois, José fez altares para todo o país... Obrigada, José! © All rights reserved by Catarina Miranda Basso





Arcelino, fotógrafo bracarense

Arcelino Azevedo (1913-1972)

Logo depois de ter concluído a instrução primária, Arcelino começou a trabalhar na fotografia de Santos Lima, ao Largo Barão de São Martinho, onde terá aprendido os primeiros passos da arte que desenvolveu com grande mestria. 
Nos anos 30 passou para a Fotografia Pelicano, ao lado do Café A Brasileira, onde terá permanecido, segundo Luís Dias Costa, até 1965 - altura em que abriu a sua própria fotografia, perto dali, ao Largo de São Francisco.

O seu estúdio fotográfico, que funcionava, segundo dizem os locais, "à porta fechada", e só para os "importantes", foi continuado por José Veiga, seu empregado, ao qual se associou, após a sua morte,  Manuel Gonçalves.

Arcelino Augusto de Azevedo nasceu e faleceu em Braga (23 de Setembro de 1913 - 11 de Novembro de 1972), sendo conhecido como um dos grandes fotógrafos da cidade.
O seu espólio, pertencente à ASPA - Associação para a Defesa, Estudo e Divulgação do Património Cultural e Natural - encontra-se em depósito na fototeca do Museu Nogueira da Silva. 
O Museu da Imagem da cidade de Braga realizou já uma importante mostra do fotógrafo bracarense, da qual nasceu um catálogo da exposição intitulada Arcelino, retrato de uma cidade.


mais sobre o fotógrafo bracarense, aqui:
Arcelino e Isabel, século XX e século XXI
ASPA 

© All rights reserved by Catarina Miranda Basso 

sábado, 28 de maio de 2011

ex-estúdio "Arcelino"

Foto73 by cochinilha
Foto73, a photo by cochinilha on Flickr.

No ano de 1973, José Veiga e Manuel Gonçalves fundaram o estúdio Foto 73, dando continuidade à "fotografia" de Arcelino Azevedo, que aí se estabelecera na década de trinta do século XX.
José Veiga ainda aprendeu com a mestria do grande fotógrafo bracarense Arcelino, e juntamente com Manuel Gonçalves deu continuidade ao "ex-estúdio Arcelino" durante dois anos.
Em 1975 estabeleceu-se por conta própria na rua de Janes, com o pequeno Estúdio 75, que recentemente fechou portas, procurado pela arte do retoque e os belíssimos retratos a carvão que realizava.

Manuel Gonçalves, filho do fotógrafo Alberto Maria Gonçalves - que foi o dono, no início do século XX, da Fotografia Moderna Eléctrica - continuou sozinho a exploração do estúdio Foto 73, que ainda hoje funciona.


© All rights reserved by Catarina Miranda Basso

quarta-feira, 25 de maio de 2011

viscondessa de Paço de Nespereira

A Correspondência do Norte, 1900.



Era assim em 1900, e durante largos anos mais: a imprensa dava conta da entrada e saída dos "importantes"...
Esta é uma óptima (ainda que morosa) fonte para quem procura informações acerca dos percursos e ritmos da cidade, da mobilidade dos cidadãos.


terça-feira, 24 de maio de 2011

espírito santo

Correio do Minho, 22 de Maio de 2011.

Quase meio ano depois de ter dado início à publicação da secção esseene, que sai todos os domingos no jornal bracarense Correio do Minho, eis que começo a ter feed-back dos leitores.

A ideia era mesmo esta: a de fazer os leitores participar na identificação das imagens publicadas semanalmente.

Acerca desta imagem, um amável leitor diz tratar-se da peregrinação anual em honra do divino Espírito Santo, que se realiza em Nogueira, no Verão.
Recorda-se de ver estes ajuntamentos quando ia para casa dum seu conhecido, o solar do Arco, que aparece representado na fotografia...

Obrigada!

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Edgar Has Rhythm








Filmagens na estação de Viana do Castelo para a primeira curta de João Palhares.
Brevemente num cinema perto de si.
Maio, 2011.

domingo, 15 de maio de 2011

Miquelina Wheelhouse

Verso de CDV da minha bisavó.

"Ao meu Jayme como prova do muito que te ama a tua noiva/
Miquelina Wheelhouse/
13/1/906"

A minha bisavó Miquelina

Miquelina Wheelhouse by cochinilha
Miquelina Wheelhouse, a photo by cochinilha on Flickr.
"Ao meu Jayme como prova do muito que te ama a tua noiva/
Miquelina Wheelhouse/
13/1/906"

No início de 1906, com vinte e um anos de idade, Miquelina era já noiva de Jaime...

Miquelina Georgina Wheelhouse (1885-1974) casou com Jaime Basso Marques (1883-1928), de cujo casamento nasceram sete filhos, entre os quais Jaime Wheelhouse Basso Marques (1914-1954), meu avô.

O meu avô Jaime casou com Georgina da Conceição Gonçalves Guerra, em Lisboa, no ano de 1936. Deste casamento nasceu apenas o meu pai, José António Guerra Basso Marques, no dia 25 de Outubro de 1937.
Jaime e Georgina divorciaram-se em 1942, depois de uma passagem conturbada por Macau.
Ambos voltaram a casar.


Descendência de Miquelina Georgina Wheelhouse & Jaime Basso Marques:
Jaime Wheelhouse Basso Marques (1914-1954)
Jeremias  Wheelhouse Basso Marques
Isabel  Wheelhouse Basso Marques
Matilde Wheelhouse Basso Marques
Miquelina Wheelhouse Basso Marques
Fernando Wheelhouse Basso Marques
Georgina Wheelhouse Basso Marques

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Turco no Palácio do Mexicano

TURCO by cochinilha
TURCO, a photo by cochinilha on Flickr.

crédito fotográfico:
www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=354469


Hoje, peddy-paper para os alunos da EPB (Escola Profissional de Braga).
"A páginas tantas" têm de encontrar a estátua do turco, no Palácio do Raio, também conhecido como Palácio do Mexicano.
"No interior, destaca-se a escadaria, com três arcos e a escultura do turco, obra comparável às quatro estátuas da esplanada da igreja do Bom Jesus, cuja concepção Smith atribuí a André Soares, e a execução aos pedreiros José e António de Sousa (SMITH, 1973, p. 505)".

Photographia Portugueza


Photographia Portuguesa, a photo by cochinilha on Flickr.

"N'esta casa executam-se todos os trabalhos de photographia, oleo, crayon e de ampliações até tamanho natural. Encarrega-se também de ir fóra do atelier photographar animaes vivos ou mortos, chalets, plantas, etc, etc; esta casa tem machina especial para photographar creanças sendo esta a sua especialidade".

"Preços sem competencia/ Conservam-se os clichés para repetições"

Photographia Portugueza de José Maria da Silva
Rua do Poço dos Negros, 121 e 123
Lisboa



uma reportagem de José Maria da Silva para a Ilustração Portuguesa, aqui.


[republicado]

primos

A Correspondência do Norte, 1900.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

sorriso

don't know who she is, or who made this picture. 
just know that it is mine (I bought it!), that it is lovely
that she has a wonderful smile,
know for sure that she knew the photographer
that's for sure...


Sanctuario

A Correspondência do Norte, 1900.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Publicação em destaque

as fontes discretas

já no distante ano de 2009, Maria do Carmo Serén publicou um artigo sobre a minha tese de mestrado, a que chamou de " as fontes discre...