segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Piano, piano, si va lontano...

Convertidas, Novembro 2012.
Por mais do que uma vez nos referimos aqui a uma antiga tendência da cidade de Braga em desprezar o passado e o que resta dele, assim como às obras de requalificação urbana que estão a ser realizadas na cidade.

Hoje, a propósito de mais um pertinente artigo publicado por Eduardo Pires de Oliveira no Diário do Minho, deixamos os conselhos da redacção do Comércio do Minho, de há 101 anos.

Recomendava-se prudência na empreitada do progresso para a cidade, para o qual se devia “caminhar cautelosamente, com a consciência segura de que cada passo a dar é o melhor, e não cegamente ou sob a obsessão de uma ideia incompletamente amadurecida”.
O grandioso casarão (obra de Marques da Silva que devia servir as repartições públicas) via-se condenado pela impropriedade do local, o edifício para Theatro Circo, em construção na cerca dos Remédios era mal visto por alguns; o edifício da cadeia, incompleto, aborrecia a outros, que o não queriam ali:


"Que espírito de previdência foi o nosso, que não calculou os prós e os contras antes de emprehender taes obras?
Que confiança podemos inspirar quando pedirmos alguma coisa ao poder central, depois de termos dado provas de tanta versatilidade?
Que garantias podemos offerecer de que pedimos o que mais nos convém, se até aqui não temos sabido pedir?
Cuidado, pois. Mesmo no arrazar é indispensável prudência.
Para a frente, mas devagar, para não se ter de voltar atraz e perder caminho.
Devagar, para ir longe.
Pianno, piano, si va lontano.
Nada de precipitações, que mais tarde trazem o arrependimento.
Arrazem-se! – gritam.
Ora para se chegar a tal conclusão, não era preferível não os ter começado?...
Agora, depois de tanto dinheiro gasto, ha-de ficar todo o trabalho inútil? Arrazar, arrazar depressa; depois é preciso edificar, substituir; para isto, requer-se dinheiro; para o obter, exige-se credito; para gosar d’este, demanda-se capacidade administrativa.
Ora se nós localmente dermos testemunho de incapacidade, nem o governo, nem ninguém terá confiança no nosso destino, e as solicitações que fizermos não encontrarão boa acolhida.
Se queremos progredir a valer, havemos de caminhar devagar, com juízo, com methodo. Concluída uma obra, iniciaremos outra, e assim successivamente.
Tudo a um tempo, não póde ser".

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