A um segundo de estacionar o carro, depois de uma rua limpa, ele pergunta a um carro que sai, então, onde é que é. Uma voz masculina responde da torre que é no quarto andar, mas o do carro disse que era uma rapariga no primeiro. Então, como é que é, pergunta, titubeante, com uma súbita mudança de tom de voz. Mais máscula, mais forte, mais pronúncia do Norte. E o passo apressa. É a rapariga do primeiro. Anda, segue-me. Não ouve a conversa. O coração bate forte. Uma mão estendida para o tio. E gente à volta. Toma lá. Dá cá. Caneco, não há caneco. Ninguém tem um caneco por aí? Arranja-se já! E a moça, não quer? Não, obrigada. Uma simpatia de corpo que quase não é corpo, nem de homem, de mulher. Unhas pintadas de vermelho, pernas palito, pés inchados que arrastam o chinelo. Cabelos compridos. Resto de cara de... mulher? Então tio, é da boa, pergunta a rapariga do primeiro andar que subiu e desceu as escadas e que se pôs a espreitar para baixo. Não há cinza? Pera lá, vou acender um cigar...
[fotografia e não só]