sábado, 17 de dezembro de 2011

(re)imaginar (a)meias

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todas as cidades são cidades invisíveis, até ao momento em que os indícios deixados pela história são apanhados pela trama fotográfica ou por um qualquer sujeito suspeito de gabardine que se passeie pelo Toural.

os palácios de princesas e contos de fadas e os passos marcados no pavimento do jovem príncipe em aflição de amor, da cama pequenina à conversadeira da janela, caem por terra e fazem-nos imaginar uma outra cidade, com muralhas e torres sem ameias.

a cidade da muralha é um primeiro momento de paragem e de revelação de um tempo de espera das imagens que possibilita, de facto (com c), imaginar Guimarães.

a cidade da muralha é uma possibilidade de pensar a fotografia de carácter documental através de um discurso ficcional que não tem lugar nas improváveis exposições realizadas a partir de acervos fotográficos.

a cidade da muralha é também, e principalmente, um lugar onde podemos tocar as imagens, amplia-las e perscrutar os seus segredos mais íntimos, o pormenor escondido, e neste sentido, verdadeiramente pensar (imaginar) que cidade foi (e que é) aquela, e de que gentes estranhamente belas se fazem as cidades.

uma lufada de ar fresco no mundo das imagens encontradas em gavetas de armários por descobrir (e imaginar, claro!)



no CAAA, até 29 de janeiro de 2012,  que fica aqui:
Rua Padre Augusto Borges de Sá
4810-523 Guimarães
Portugal



quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

norte industrial

Nem de propósito, agora que a cidade de Braga decide por fim dar importância ao seu património e está mais próximo o dia em que poderemos voltar a sentir o cheirinho do interior do antigo edifício da Saboaria e Perfumaria Confiança, organiza-se no Porto um encontro de investigadores sobre o Norte Industrial.


Acontece já para a semana, dias 16 e 17 (sexta e sábado), na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Gostavamos de, para o ano, quem sabe no ano seguinte, poder apresentar uma comunicação sobre a memória industrial na cidade de Braga, a partir da requalificação da Fábrica Confiança. Esperemos que o município não se perca com politiquices e contas e diz que disse, que se ouçam mesmo os bracarenses que foram chamados a apresentar sugestões antes do lançamento do concurso de ideias, e que a escolha do melhor projecto de arquitectura seja determinado mesmo pela sua qualidade inigualável e pela atenção prestada à preservação do património da cidade.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

talha & fruta = delicious!

... by cochinilha
..., a photo by cochinilha on Flickr.

Existe em Braga uma capela que abre uma vez no ano, para celebrar o Dia de São Geraldo, padroeiro da cidade.


Junto à porta lateral da Sé, que dá para a rua do Souto, passando o Claustro de Santo Amaro, fica a capela de S. Geraldo, que neste dia se adorna de frutos, em alusão ao milagre da fruta.




( azulejos atribuídos ao pintor António de Oliveira Bernardes)

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Anna

Anna by cochinilha
Anna, a photo by cochinilha on Flickr.
É a única vestida de preto entre as meninas de branco do mesmo grupo. É linda e o seu olhar intenso parece querer dizer algo. Não sei o quê, mas gostava muito de saber.

A prova é tão grande que não cabe no scanner. É uma recordação das Pedras Salgadas (o que se queria recordar, pergunto?), fotografada também por uma menina, certamente mais velha do que estas, chamada Anna Magalhães Rodrigues.
A Ana fotografou em Trás-os-Montes no início do século XX e há alguns postais ilustrados com fotografias suas.

© colecção particular da família Botelho de Miranda

domingo, 27 de novembro de 2011

mistura milagrosa

*** by cochinilha
***, a photo by cochinilha on Flickr.
Produzir manualmente negativos em colódio húmido é um processo muito complicado e fotografar com eles também, porque (entre outros igualmente complicados) só se podiam usar enquanto o colódio estivesse... húmido.

A produção industrial de negativos de gelatina sobre um suporte de vidro veio alterar este panorama e facilitar a vida aos fotógrafos (e retratados).

Mais fácil é hoje limpá-los, sempre sobre o lado do suporte (emulsão para baixo), com uma mistura igual de água destilada e álcool (e outros quês que mais).

Mas o mais importante de tudo é nunca remover o carmim!

Para mais pormenores, recomenda-se assistir à semana da fotografia da Golegã, ou consultar um técnico de conservação e restauro de fotografias. Há muitos, e bons, aqui. Juro que não tenho comissão.

sábado, 26 de novembro de 2011

semana da fotografia

© Casa - Estúdio Carlos Relvas

Se tivesse que escolher uma cidade para capital da fotografia em Portugal elegia a Golegã. 
A Golegã, não por ter sido o lugar onde Carlos Relvas construiu o seu inigualável templo da fotografia, mas porque a sua Câmara sabe valorizar este maravilhoso legado.

Depois de ter sido comprada nos anos 70 pela C.M.G., a colecção de Relvas foi transferida para o Instituto Português de Museus passados 20 anos, tendo regressado à origem em 2008, altura em que foi provisoriamente instalada numa câmara climatizada na Biblioteca Municipal. É aqui que a colecção fotográfica está a ser cuidadosamente tratada (com todos os preceitos a que a mesma obriga) ao abrigo de acordo com a Lupa. A empresa para aqui destacou uma equipa especializada que, desde novembro de 2010, procede à limpeza e acondicionamento dos cerca de 12000 negativos que constituem a coleção (a maioria negativos de vidro em gelatina e prata, e cerca de 5000 colódios húmidos).

Esta semana é a 3.ª semana da fotografia da Golegã, acontecimento fundamental para a investigação fotográfica no panorama nacional. Infelizmente, termina daqui a pouco, numa manhã de sábado goleganense, preenchida de comunicações que se adivinham... espantosas!

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

whittoyne



[muitas histórias começam com era uma vez, mas as histórias da fotografia começam quase sempre por no estúdio do fotógrafo, ou também no carimbo do fotógrafo, ou ...]


Foi no verso duma fotografia de Joaquim Coelho da Rocha que encontrei este nome estranho (estrangeiro) que me fez sentir o desejo de saber mais: Whittoyne. Recreios Whittoyne.

Feliz e infelizmente, encontram-se na rede milhares de documentos que de outra forma nunca viriam à superfície.
E assim Whittoyne apareceu - numa acção de capital nominal da Empeza Exploradora de Recreios Whittoyne; no título de um artigo, Os Recreios Whittoyne  [na publicação Lisboa do meu tempo e do passado, de João Paulo Freire (1929-1930)], na obra Feiras e outros divertimentos populares de Lisboa, de Mário Costa (1950), num artigo de Manuel Villaverde e numa tese de mestrado de Licínia Ferreira (2011).

N' A velha Lisboa, diz-se que depois de 1755 se construíram algumas casas de espectáculos públicos (praça de Touros no Campo de Sant'Ana, o teatro da Rua dos Condes, o teatro das Variedades e o circo Price, na Rua do Salitre, desaparecidos) e também os Recreios Whittoyne, à "Praça dos Restauradores, com a sua esplanada até quase à cerca da casa professa de S. Roque, hoje edifício da Misericórdia"...

Empreza Exploradora de Recreios Whittoyne, 1875
© Biblioteca Nacional



O fotógrafo J.C. da Rocha & C.ª, com atelier na Praça dos Restauradores, em Lisboa, fez carimbar no verso dos seus cartões de visita a inscrição Recreios Whittoyne.
Que relação entre Joaquim da Rocha e os Recreios?
Seria o fotógrafo responsável pela empresa, ou a sua c.ª?


[E agora, meninos e meninas, é preciso ler os livros e procurar mais e mais, amanhã, que agora são horas de fazer ó ó]

© V&A Theatre Collections

Em 1840, na abertura do Royal Albert Saloon, de Henry Brading, H. Whittoyne & W. Maurice, equilibristas alemães, representaram estátuas venesianas animadas...

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

sou ribatejo


© feitoria
Há muitos anos atrás, quando andavamos na escola primária, tivemos que decorar um dizer acerca das províncias de Portugal. A mim calhou-me o Ribatejo... O exercício era difícil: primeiro decorar muito bem o que tínhamos de dizer até ao dia da representação, em que era suposto estarmos todos acocorados enquanto cada província falava. Além de não ter veia teatral,  era então extremamente tímida, e recordo-me do medo que tinha de não conseguir falar quando chegasse a minha vez. Nos ensaios, quando a Estremadura ou a Beira Baixa terminavam, era a minha vez de me levantar, gesticular, falar em voz alta, e voltar a fechar-me para que as outras regiões se fizessem ouvir. Este verão voltei ao Ribatejo e lembrei-me deste episódio. Ontem à noite, ao entrar na Golegã, veio-me de novo a minha deixa à memória:

... sou o Ribatejo valente
de muito sol e touradas
costumo andar contente
por lezírias e levadas ...

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

flâneuse

Um flaneur pode bem ser alguém que se passeia ou move sem um propósito ou direcção pré-definidos, que viaja sem destino marcado, que dá um passo atrás do outro de forma descomprometida e relaxada. Uma flâneuse pode bem ser a Sofia.
A Sofia está assim no mundo - she loves to roam, to laugh, and to take pictures!
Para qualquer lugar que vá, descontraídamente, leva a máquina fotográfica consigo.
O mote para a exposição era 'olhares no feminino', e a Sofia decidiu apresentar algumas fotografias dos muitos lugares por onde andou. Um olhar feminino sobre os lugares? Não, a Sofia acha que as fotografias são unisexo. Será que conseguimos descobrir o sexo do fotógrafo vendo as suas imagens? Não sei. Só sei que (foi o que ela me disse) estas fotografias obedecem a uma certa matemática, e que são todas tiradas em tilt shift - um nome esquisito que quer dizer que é tudo menos photoshop e que não é fake tilt shift. Ou seja, a Sofia usa uma lente que não encaixa na máquina fotográfica, encontra um ponto de focagem e dispara. Apenas uma linha fica no foco, e todo o resto desfocado, com a aparência de um mundo em miniatura. É este o mundo feminino da Sofia: o lugar onde todos os lugares são susceptíveis de ser explorados, randomly.


"Olhares no Feminino ou a celebração de 'flâneuse'" exposição no Salão Medieval, Largo do Paço, Braga, até 12 de Dezembro!

domingo, 20 de novembro de 2011

ponte nova ponte velha




Correio do Minho
, ano LXXVI, série VI, n.º 8399 (20 de Novembro 2011), p. 16.


O senhor Mário Ferreira da Graça, que viveu em Braga até aos 21 anos e desde há cinco anos atrás, hoje com 91 anos, teve a amabilidade de me ligar para falar desta imagem.

Contou que as duas pontes coexistiram não sabe durante quantos anos, mas que durante muito tempo uma, a nova (no plano superior), servia o eléctrico e quem se deslocava para Guimarães (direcção lado direito da imagem) e a outra, mais antiga, dava entrada para a festa do S. João e que ligava-se ao parque da Ponte. Se mais víssemos da fotografia, e percorressemos em direcção ao lado direito da imagem, veríamos a rua bifurcar-se: para a direita em direcção a Guimarães, e para a esquerda em direcção ao Bairro da Devesa. Entre as duas pontes havia um relvado onde as lavadeiras estendiam e punham a roupa a corar. As casinhas que se vêem à esquerda são do bairro das latinhas, da rua dos Galos (ou largo Senhor dos Aflitos) perto das quais nasceu depois o stand da Ford, hoje mega super chinês. Algures por ali ficava a rua Pai Amante.
Mário poderá ser um destes rapazes, que limpava o ranho às mangas da camisa, que andava descalço e vestia as roupas do pai ou dos irmãos mais velhos, e que andavam, apesar da miséria, felizes e contentes pela cidade.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Lady Vignette



Ouvi dizer um dia que as fotografias antigas que são abandonadas deixam de ter interesse para a história. Orfãs, destituídas de nome e data, são apenas imagens, sem nada para contar.

São estas fotografias deitadas ao lixo e que alguns respigam que nos permitem contudo aceder a uma parte da vida que já foi. Permitem-nos sempre, ao menos, imaginar. Quem foi, como foi, no que estava a pensar quando o fotógrafo premiu o botão, o motivo que o levou a ir ao estúdio. 
Podemos sempre agarrar-nos aos pormenores da expressão do rosto, do olhar, do lado para o qual está o cabelo virado. Observar as poses - a direcção do olhar e a posição do corpo e das mãos - os cenários e os móveis escolhidos a meias com o fotógrafo. Mas só nas fotografias de corpo inteiro, não quando aparece a lady vignette.

Quando estamos perante um retrato vignette - uma fotografia de rosto na qual os cantos se desvanecem gradualmente - o nosso olhar dirige-se precisamente para o centro da imagem, onde mora o rosto do retrato. Podemos então ler-lhe as rugas, a luz nas pupilas, a contracção dos músculos faciais, e quase quase adivinhar-lhe a alma.


vi·gnet·ted, vi·gnet·ting, vi·gnettes
vignette = a photograph whose edges fade out gradually.
vignette = as an effect, it is frequently used for portrait photos, usually in an oval or other shape.
vignette = from the same root as vine, originally referred to a decorative border in a book. Later, the word came to be used for a photographic portrait which is clear in the center, and fades off at the edges.
vignette = a decorative design placed at the beginning or end of a book or chapter of a book or along the border of a page.
vignette =  an unbordered picture, often a portrait, that shades off into the surrounding color at the edges.
vignette = a short scene or incident, as from a movie.
vignette = to soften the edges of (a picture) in vignette style
vignette = to describe in a brief way.



quarta-feira, 16 de novembro de 2011

palácio da fotografia

Colecção Museus de Portugal.



D. Maria Pia e o príncipe D. Luís
Augusto Bobone | Lisboa, 1888
160 x 106 mm (com suporte)

O Palácio Nacional da Ajuda [PNA] integra o valioso espólio da Casa Real, compreendendo doze colecções distintas - cerâmica, vidro, ourivesaria, utensílios, joalharia, têxteis, mobiliário, escultura, pintura, gravura  e fotografia - datáveis desde o século XIV ao século XX.

Parte das colecções do PNA estão expostas no Museu, podendo o público observá-las nas salas, conforme eram utilizadas e vividas pela família real.

A colecção de fotografia, a cargo de Maria do Carmo Rebello de Andrade, integra na sua maioria provas fotográficas em diferentes tipos de suporte - desde o vulgar cartão dos cabinet cards, promenade, boudoir, álbum - aos retratos impressos em porcelana, esmalte e tecido.





São cerca de 7000 os espécimes da colecção fotográfica do PNA, na qual estão representados mais de 300 fotógrafos: os "portugueses" Alfred Fillon, Augusto Bobone, Miguel Novais, Camacho, Carlos Relvas, Wenceslau Cifka, Emílio Biel, Francisco Augusto Gomes, Fritz, Henrique Nunes (bem como vários membros da família real que praticavam fotografia), e ainda os estrangeiros Nadar, Disdéri, Chanaz, Le Lieure, Jean Laurent, Montabone, Numa Blanc, M. Balde, Otto e Reutlinger, entre tantos outros.


Palácio Nacional da Ajuda
Largo da Ajuda
1349-021 Lisboa

10h00 -17h30
todos os dias excepto à 4.ª feira

213 637 095
pnajuda@imc-ip.pt

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

grémio dos fotógrafos

contrato de trabalho by cochinilha
contrato de trabalho, a photo by cochinilha on Flickr.

Nos anos 60 o salário dos fotógrafos diferenciava-se conforme a categoria profissional e a situação geográfica da oficina fotográfica: ganhava-se mais nos concelhos de Lisboa e Porto, depois nas oficinas situadas perto dos limites destes dois concelhos, e por fim nas restantes localidades...

Qualquer fotografia situada nas cidades de Lisboa, Porto, Coimbra, Braga e Aveiro tinha de ter ao serviço o mínimo de: 1 especializado, ou 2 oficiais que tivessem mestria das especialidades de operador, retocador e impressor, enquanto as restantes podiam funcionar apenas com 1 oficial de 1.ª...
Ir de estagiário a fotógrafo especializado era um percurso que poderia durar mais de uma década e que culminava quando ao fotógrafo era reconhecida a especialidade ou competência como oficial, operador, retocador e impressor...

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Grande Hotel

Correio do Minho, ano LXXVI, série VI, n.º 8385 (6 de Novembro de 2011), p. 16.


Segundo generoso comentário de Luís Dias Costa, importante estudioso da história da cidade Braga, na portinha aberta da direita que se vê na imagem do edifício do Grande Hotel, ficava a estação central de Braga - uma das três que existiam na cidade.
Na imagem consegue ler-se por cima da porta "Central de Caminhos de Ferro". Na primeira porta aberta ficava a entrada do Grande Hotel de "Gomes & Mattos successores de Manuel Joaquim Gomes", conforme se vê na fachada deste edifício onde hoje fica situado o Centro Comercial Avenida (ou Bragashopping, como se diz hoje).
Por indicação de Luís Tarroso Gomes, esta imagem será posterior a 1914, uma vez que a linha já se encontra electrificada.
Obrigada aos dois!

domingo, 6 de novembro de 2011

negativo em película



Os negativos sobre suporte plástico (a que chamamos vulgarmente de película) foram introduzidos no final do século XIX. Segundo Bertrand Lavédrine, o primeiro da família a nascer foi o nitrato, amplamente utilizado até cerca de 1950, altura em que foi interdito por ser altamente instável e inflamável. O nitrato foi então substituído pelo acetato de celulose, menos inflamável, e por esta razão chamado de safety film. O negativo em poliester foi também introduzido por esta altura, sendo ambos ainda utilizados pelas indústrias fotográfica e cinematográfica.

É possível encontrarmos numa colecção fotográfica três tipos de negativos em película que diferem quanto ao suporte em que foram fabricados -  sobre nitrato de celulose, acetato de celulose  e poliester. Sobre este suporte plástico transparente morava, tal como nos negativos sobre suporte de vidro, uma emulsão de gelatina impregnada de sais de prata*




© catarina miranda basso

 


sexta-feira, 4 de novembro de 2011

fotografia verdadeira

bilhete postal fotográfico do salão árabe, palácio da Bolsa, Porto.

verso de bilhete postal do salão árabe | fotografia verdadeira | edição esmaltex | impresso em Itália


em inglês costumam charmar-lhes real photo postcards.
por cá  são os postais fotográficos: postais com fotografias verdadeiras, tal como se indica, por vezes, no seu verso.
nem sempre identificáveis a olho nú, são mesmo provas fotográficas -  verdadeiras fotografias...


quinta-feira, 27 de outubro de 2011

identificar

ilustres desconhecidas, anónimo, século XX.

Começa hoje e termina no sábado uma acção de formação intitulada Identificação de Processos Fotográficos, que tem lugar no Centro Português de Fotografia, a cargo de Luís Pavão.
A formação tem como objectivos:
. apresentação dos processo e métodos usados na identificação das espécies fotográficas, tanto de provas fotográficas, fotomecânicas e digitais, como de negativos em vidro e película a cores e preto e branco e ainda de diapositivos.
. reconhecimento das formas de deterioração mais vulgares, que são auxiliares na identificação das espécies fotográficas.
. apresentação de testes químicos para identificação de suportes plásticos.

A formação abrange os processos mais usados, ao longo da história da fotografia, desde os processos iniciais até à provas de impressora da fotografia digital, referindo as suas características e o seu enquadramento histórico. Vamos lá estar, e trazemos novidades quando terminar!

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

docere, movere e delectare


 êxtase de Santa Teresa (pormenor), Bernini, século XVII.

                    plateresca, embrechado, planta elíptica, talha dourada a prata e a ouro, marca de   ensaiador, troca de princesas, fachada retábulo, píxide, ourives do ouro, ex-voto, arte efémera, baldaquino, polifonia, grinalda, guirlanda, entalhador, imaginária, aparato, passos da paixão, recheio artístico, relicário, imagética, armador, cenário, horror do vazio, consórcio, bergantim, ostensório, pintor de medidas de azulejos, esplendor, festa.

                           que saudades que tinha de ouvir estas palavras do tempo da faculdade e que bom que é aprender outras novas... está a ser assim, o 1.º congresso luso-brasileiro do barroco, no bom jesus do monte, recheado de esplendor e brilho...

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

portal português de arquivos

 


Em Portugal existe um portal electrónico que agrega todos os arquivos portugueses dependentes da Direcção-Geral de Arquivos (DGARQ).
Esta maravilha tecnológica torna possível ao utilizador, através deste site, pesquisar nos arquivos que fazem parte da rede.
Exacto, podem realizar-se pesquisas apenas naqueles arquivos que tenham aderido à Rede Portuguesa de Arquivos (RPA): "a "comunidade" de arquivos assim criada oferece, a investigadores e cidadãos, pela simplicidade e rapidez da recuperação de informação dispersa por vários repositórios, benefícios que serão tanto maiores quanto maior o número de entidades aderentes".
Para além disso, é preciso que cada arquivo "carregue" os respectivos endereços electrónicos.

A DGARQ tutela dois arquivos de âmbito nacional - o Arquivo Nacional da Torre do Tombo e o Centro Português de Fotografia - e dezasseis arquivos de âmbito regional, que se distribuem pelas áreas dos distritos e que são estes.


São excepção a esta regra, por razões históricas, dois arquivos que se encontram na dependência das Universidades de Coimbra e do Minho: o arquivo da Universidade de Coimbra e o Arquivo Distrital de Braga que partilha o mesmo espaço da Biblioteca Pública de Braga.


Para consulta pública estão também uma série de documentos importantes, como a 3.ª versão das Orientações para a Descrição Arquivística (ODA).
 

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Mário Novais


A colecção Estúdio Mário Novais foi adquirida em 1985 pela Fundação Calouste Gulbenkian e abrange os 50 anos de actividade do Estúdio Novaes.
É composta de 80.309 documentos fotográficos de diversos tipos: negativos, diapositivos, interpositivos, p&b e cor.
Este estúdio especializou-se na fotografia de obras de arte e arquitectura, embora Mário Novais tenha também praticado outros géneros fotográficos.


Segunda reza o site da FCG, Mário Novais (1899-1967), oriundo de uma família de grandes fotógrafos, começou a sua actividade profissional como retratista, nos anos de 1920, na Fotografia Vasquez.
Em 1933, montou o seu próprio estúdio – o Estúdio Novaes – em Lisboa, que se manteve activo durante 50 anos.
Para além de fotografia de obras de arte e arquitectura, em que se especializou, Mário Novais praticou igualmente a foto-reportagem, a fotografia publicitária, a comercial e a industrial.

O motor de busca das colecções fotográficas da FCG mora aqui.
Parte da colecção - aquela composta pelas fotografias que não estão protegidas por direitos de autor ou direitos conexos - é consultável no flickr e na biblioteca de arte da Fundação Calouste Gulbenkian.
 

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

o anjinho na literatura brasileira

© the thanatos archive
 É já de 2002 o artigo intitulado "Os funerais de "anjinho" na literatura de viagem", habilmente escrito por Luiz Lima Vailati para a Revista Brasileira de História.

Tendo como base a literatura constituída de relatos e memórias de viagem, Vailati analisa as práticas e representações da morte da criança nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro nos períodos Brasil colonial e imperial (1822-1889).

"Sobre o "anjinho", os visitantes estrangeiros se mostraram favoravelmente surpresos pelo esmero em que esses pequenos defuntos eram arrumados e expostos. "Prazerosamente", "ricamente" são os termos por meio dos quais homens como John Lucccock, já no começo do período estudado, e mais tarde Daniel Kidder, lançam mão para descrever a maneira pela qual eram preparadas as crianças. [...] Assumindo uma dimensão de insondável importância, devia-se cuidar do aspecto pelo qual o corpo se ia apresentar no reino dos mortos [...] Residindo no Brasil em meados da década de 1840, Thomas Ewbank mostrou-se particularmente interessado por esse aspecto do cerimonial fúnebre no Brasil. No caso das crianças, ele nos informa que em alguns casos as crianças eram vestidas como santos: As crianças com menos de 10 e 11 anos são vestidas de frades, freiras, santos e anjos. Quando se veste de São João o cadáver de um menino, coloca-se uma pena em uma das mãos e um livro na outra. Quando é enterrado como São José, um bordão coroado de flores toma o lugar da pena, pois José tinha um cajado que florescia com o de Araão. A criança que tem o mesmo nome que São Francisco ou Santo Antônio usa geralmente como mortalha um hábito de monge e capuz. Para os maiores, São Miguel Arcanjo é o modelo. Veste-se então o pequeno cadáver com uma túnica, uma saia curta presa por um cinto, um capacete dourado (de papelão dourado) e apertadas botas vermelhas, com a mão direita apoiada sobre o punho de uma espada. As meninas representam "madonas" e outras figuras populares." © Luiz Lima Vailati


Obrigada odepórica pela partilha. O artigo pode ser consultado aqui.


quinta-feira, 13 de outubro de 2011

photographia açoriana

© Carlos Enes

A história da fotografia nos Açores está bem documentada no sítio da Direcção Regional da Cultura, que apresenta uma leitura cronológica realizada a partir de investigação de Carlos Enes, sobre o período que vai de 1845 a 1995.
A referência mais antiga é ao daguerreotipista Marcellin Turpi, que viveu em São Miguel do ensino da língua francesa. Nos anos 50 um médico, António Ferreira Borralho, terá sido um dos primeiros açorianos a envolver-se com a fotografia, como amador.
São inúmeros os fotógrafos que estiveram de passagem na ilha, oferecendo os seus serviços por um curto período de tempo, como os estrangeiros Dubois ou Carlos F. J. Reeckell – “fotógrafo volante".
São da década de 60/70 os primeiros ateliers fotográficos de residentes: Nestor Ferreira Borralho, Carlos Severino de Avelar, António José Raposo - Photographia Artística, Carlos Augusto Mendes Franco - Photographia Terceirense, Domingos Mendes de Faria - Photographia Nacional, José Pacheco Toste – Photographia Central, Severino João de Avelar - Photographia Avelar, Manuel de Sá e Silva - Photographia Popular, Laureano P. da Silva Correa - Photographia Americana. 

Esta importante cronologia acessível ao público reflecte ainda os acontecimentos marcantes na história dos Açores em que a fotografia ocupa lugar de (merecido) destaque. A mesma página tem conteúdos biográficos acerca dos fotógrafos, um roteiro de colecções fotográficas com indicação de todos os espécimes existentes em cada núcleo, e uma breve história da fotografia nos Açores.  Em suma, um exemplo a seguir!

© Carlos Enes




Publicação em destaque

as fontes discretas

já no distante ano de 2009, Maria do Carmo Serén publicou um artigo sobre a minha tese de mestrado, a que chamou de " as fontes discre...