sexta-feira, 21 de setembro de 2012

discreto e sentimental

esmaltes. vitrine de estúdio fotográfico. Porto, 1999. ©wheelhouse
Nos tempos da Faculdade fiz (ou tentei fazer) um pequeno trabalho sobre o esmalte fotográfico. Digo tentei porque, na verdade, não consegui saber o segredo do procedimento desta técnica de impressão fotográfica dos primórdios da história da fotografia. 
Nesse ano (1999-2000), havia no Porto cerca de nove casas dedicadas à realização de fotografias em esmalte, mas apenas cinco delas se dispuseram, não sem desconfiança, a desvendar parte do mistério. Escusando-se por «os esmaltadores estarem de férias», ou «pelo trabalho que se avoluma para os fiéis» ao chegar o dia de todos os santos (altura que muitos encontram propícia para embelezar a última morada dos entes queridos), ou simplesmente porque «o segredo é a alma do negócio», ficamos aquém das expectativas.

esmaltes. vitrine de estúdio fotográfico. Porto, 1999. ©wheelhouse


Desde a sua invenção que à imagem impressa em esmalte foram oferecidos uma série de destinos: pendurada ao peito (tomando o lugar das silhuetas e das miniaturas pintadas), inserida em jóias que permitiam levar uma imagem dos seus (alfinetes de peito e anéis); ou para incrustar nas campas funerárias. Mas a perpetuação da memória não se limita aos seres amados e perdidos - estas produções discretas e sentimentais, oferecidas à pessoa amada, confirmavam o sentimento de amor e o desejo de o perpetuar para sempre. 
Longe vão os tempos em que oferecer o esmalte à namorada era sinal de compromisso e prova de amor eterno. Convite ao noivado e, depois de consumado, «aliança» que não mais se tira do dedo, o esmalte abre à fotografia uma das suas funções mais alargadas: a de tornar presente, eternamente, o que no tempo flui.

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