quarta-feira, 28 de novembro de 2012

projectar convertidas

Convertidas, Novembro 2012.

O Recolhimento de Santa Maria Madalena e de São Gonçalo (XVIII), mais conhecido como Casa das Convertidas - classificado como Monumento de Interesse Público há um mês atrás - foi tema de debate da primeira iniciativa da associação Braga Mais. Centrado no destino a dar ao edifício, o debate contou a presença de Hugo Pires (vereador, pelouro de Gestão Urbanística e Renovação Urbana), de José Araújo (ex-governador civil), de Manuela Sá Fernandes (do Grupo Gonçalo Sampaio) e de Carlos Aguiar Gomes (da Associação Famílias), para além duma plateia de cidadãos anónimos e de figuras políticas de vários quadrantes. 

Espero que este tenha sido o primeiro de muitos, sobre o edifício, e que a solução para travar o seu desabamento não seja movida por outros interesses que não o da sua salvaguarda. A importância do edifício exige-o.

Para satisfazer a sua função original - a do recolhimento de mulheres arrependidas dos seus erros, e convertidas a Deus - o edifício foi concebido em torno de um pátio interior, para o qual estavam voltadas as celas e demais dependências. Um edifício voltado para dentro, de costas voltadas para a rua.

Fazendo perdurar a função social para o qual foi concebido, o edifício foi habitado até há cerca de 10 anos por mulheres idosas, carenciadas. O resto da história já se sabe. Discute-se agora o fim para o qual deverá o edifício ser convertido. Confesso que tenho muito medo do que venha aí (medo, principalmente, dos incêndios).

A tipologia do edifício permite que aí se instalem equipamentos de cariz social, como um lar, sim senhor, mas não serviços técnicos administrativos ou mesmo um museu "qualquer" - seja da história da cidade, da cultura imaterial ou do folclore.
Poderá funcionar como pousada, se e apenas se, a reabilitação do edifício se fizer de acordo com os princípios que tutelam a conservação e restauro dos bens móveis e imóveis: o respeito pelo original, a intervenção mínima, a compatibilidade de materiais e o da reversibilidade.
(e não digam que 5 metros quadrados não chegam para pernoitar)

Não faltam em Portugal exemplos bem sucedidos duma intervenção deste tipo (de que o Mosteiro de Tibães será apenas um dos casos) que permitiriam aqui manter a sua função de cariz social (recolhimento) e religiosa (capela), assim como preservar a história da memória da intimidade feminina.

Consultem-se os investigadores da história da cidade (e das mulheres) e os peritos da conservação do património, peça-se autorização para consolidar estruturas para que o edifício não esmoreça, devolva-se a vida à capela (entregue-se a capela à Igreja!), ouçam-se os cidadãos.
Solicite-se ao MAI a tutela do edifício, não sem antes garantir condições para cuidar desta pérola preciosa.

Convertidas, planta do 2.º piso.




Publicação em destaque

as fontes discretas

já no distante ano de 2009, Maria do Carmo Serén publicou um artigo sobre a minha tese de mestrado, a que chamou de " as fontes discre...