"V. Ex.ª decerto não ignora que à perto de 5 anos vim para a África pilotando um navio e por cá me fixei. Desde então a minha situação tem sido bastante boa e desafogada, ao contrário do que por vezes acontecia na Metrópole".
Jaime Wheelhouse Basso Marques a bordo do navio João de Lisboa |
No ano de 1914 nasceu na freguesia de São Lourenço, concelho de Portalegre, Jaime Wheelhouse Basso Marques, filho do capitão Jaime Basso Marques (Alpalhão, Nisa) e de Miquelina Wheelhouse Marques (Lisboa).
Em 1936 casou com Georgina Gonçalves Guerra, e foi pai logo passado um ano, de um rapaz a que deram o nome de José António. Era o filho ainda pequenino quando embarcou para Macau, ao serviço do exército, e onde viveu com a família entre 1939 e 1941.
O regresso à metrópole trouxe-lhe o dissabor do divórcio, em 1942, que o deixou à deriva, e o levou a embarcar, em 1947, a bordo do Navio da República Portuguesa João de Lisboa, rumo a África.
"Encontro-me à cêrca de quatro anos ao serviço de uma casa inglesa - Beira Boating C., após ter deixado a vida marítima".
Cerca de um ano depois era capataz de estiva na firma The Beira Boating Company, Limited, na cidade da Beira, Moçambique, cargo que exerceu durante quatro anos, até perfazer os quarenta anos de idade.
"Quis o destino, colocar como médico, nesta cidade, o Dr. Costa Guerra"
Na Beira casou em segundas e terceiras núpcias, e também se apaixonou por uma rapariga da Acção Católica, com quem não pode contrair de novo matrimónio religioso, o que o deixou muito entristecido.
Em Dezembro de 1952 chegava à Beira o médico Alberto Costa Guerra, seu particular amigo, e a família bracarense Roby Amorim. Esta feliz coincidência trouxe-lhe boas novas do filho, que se mudara com a mãe para a cidade de Braga, e que tinha um segundo pai, "o mais amigo que seria de desejar". Apressou-se a escrever ao padrasto, porque só o futuro do filho o animava, pedindo-lhe autorização para se corresponder com ele.
"Como acima digo, só o futuro do Tony me anima. Assim peço licença, como a idade dele já é de entendimento, que com ele mantenha correspondência e me permita que colabore com o meu auxílio, de olharmos pelo futuro dele e fazermos dele um homem de futuro. A educação dele é o fim do nosso entendimento. Um dia irei à Metrópole. Quando? É prematuro dizê-lo, mas desde já o autoriso a averiguar da honestidade das minhas intenções"
Jaime faleceu a 12 de Agosto de 1954, em Maquino. Foi sepultado no cemitério de Santa Isabel, na cidade da Beira, África Oriental Portuguesa, sem ter ido mais à metrópole.
Jaime Wheelhouse Basso Marques |
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