Convertidas, Novembro 2012. |
O Recolhimento de Santa Maria Madalena e de São Gonçalo (XVIII), mais conhecido como Casa das Convertidas - classificado como Monumento de Interesse Público há um mês atrás - foi tema de debate da primeira iniciativa da associação Braga Mais. Centrado no destino a dar ao edifício, o debate contou a presença de Hugo Pires (vereador, pelouro de Gestão Urbanística e Renovação Urbana), de José Araújo (ex-governador civil), de Manuela Sá Fernandes (do Grupo Gonçalo Sampaio) e de Carlos Aguiar Gomes (da Associação Famílias), para além duma plateia de cidadãos anónimos e de figuras políticas de vários quadrantes.
Espero que este tenha sido o primeiro de muitos, sobre o edifício, e que a solução para travar o seu desabamento não seja movida por outros interesses que não o da sua salvaguarda. A importância do edifício exige-o.
Para satisfazer a sua função original - a do recolhimento de mulheres arrependidas dos seus erros, e convertidas a Deus - o edifício foi concebido em torno de um pátio interior, para o qual estavam voltadas as celas e demais dependências. Um edifício voltado para dentro, de costas voltadas para a rua.
Fazendo perdurar a função social para o qual foi concebido, o edifício foi habitado até há cerca de 10 anos por mulheres idosas, carenciadas. O resto da história já se sabe. Discute-se agora o fim para o qual deverá o edifício ser convertido. Confesso que tenho muito medo do que venha aí (medo, principalmente, dos incêndios).
A tipologia do edifício permite que aí se instalem equipamentos de cariz social, como um lar, sim senhor, mas não serviços técnicos administrativos ou mesmo um museu "qualquer" - seja da história da cidade, da cultura imaterial ou do folclore.
Poderá funcionar como pousada, se e apenas se, a reabilitação do edifício se fizer de acordo com os princípios que tutelam a conservação e restauro dos bens móveis e imóveis: o respeito pelo original, a intervenção mínima, a compatibilidade de materiais e o da reversibilidade.
(e não digam que 5 metros quadrados não chegam para pernoitar)
Não faltam em Portugal exemplos bem sucedidos duma intervenção deste tipo (de que o Mosteiro de Tibães será apenas um dos casos) que permitiriam aqui manter a sua função de cariz social (recolhimento) e religiosa (capela), assim como preservar a história da memória da intimidade feminina.
Consultem-se já os investigadores da história da cidade (e das mulheres) e os peritos da conservação do património, peça-se autorização para consolidar estruturas para que o edifício não esmoreça, devolva-se a vida à capela (entregue-se a capela à Igreja!), ouçam-se os cidadãos.
Solicite-se ao MAI a tutela do edifício, não sem antes garantir condições para cuidar desta pérola preciosa.
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