Castelo Branco, Camilo - A Morgada de Romariz. Lisboa: Livraria Editora de Matos Moreira, 1876. |
"Vi esta morgada, ha tres annos, em Braga, no theatro de S. Geraldo. Estava em scena Santo Antonio, o thaumaturgo". Camilo viu Felizarda, a morgadinha de Romariz, cerca de 1873, em Braga, no theatro de S. Geraldo. Estava em cena «Santo António», de José Maria Brás Martins. "Felizarda apenas conhecia na arte dramática o «Santo Antonio» de Braz Martins, e a «Degolação dos innocentes» por onde entrou na vida infame de Herodes". Quando os viu, em Braga, no theatro de S. Geraldo, estavam casados havia já vinte e cinco anos.
"As noites de dezembro aligeiravam-se em Romariz a dormir. Ceavam e digeriam serenamente. Ao pé de um bom estomago coexistiu sempre uma boa alma. Acordavam alegres, para continuar as funcções animaes. Viviam para credito da physiologia: eram duas pessoas que se adoravam e faziam reciprocamente o seu chylo em um só orgao. Tinham um coração, um fígado, e um pancreas para os dois. N'esta vida vegetal havia ternuras cupidineas como as das cylindras e acacias florecentes; e, quando extravasavam da orbita physiologica, jogavam a bisca de trez; mas ordinariamente entretinham-se mais com o burro".
n'as [Novelas do Minho]
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