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Mensagens

A mostrar mensagens de janeiro, 2012

postais profundos epidérmicos

    Outro dia foi apresentado publicamente o livro (ou melhor, vários livrinhos numa mesma caixinha) que vou devorar assim que o tempo o permitir. Tem por título " Portugal ilustrado em postais " e é uma das faces visíveis do projecto coordenado por Moisés Lemos Martins e Madalena Oliveira, do Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho .  Porque a grande maioria das publicações ilustradas com postais existentes no mercado renega uma análise mais profunda deste precioso objecto gráfico, esta parece contrariar esta tendência. Aliás, foi precisamente a questão daquilo que está à superfície ser, precisamente, o mais profundo, uma das mais enriquecedoras questões abordadas na apresentação pública desta pequena relíquia. Citando-se Paul Valérie, questionou-se a ideia comum de pensar que tudo o que é importante se situa a um nível profundo, subterrâneo, inacessível, quando, talvez, o que está à superfície (a epiderme, a imagem, a forma) seja o melhor ref...

remédios sem os remédios

Correio do Minho, 8 de Janeiro de 2012.

amor e uma máquina de lavar roupa (ou o fim do amor e uma cabana)

hoje, em conversa com uma amiga , cheguei mais uma vez à triste conclusão de que todas as relações amorosas, as boas e as más, e mesmo as mais ou menos, têm em si algo de terrível, que é o seu fim. mesmo as más, quando terminam, são sempre o fim de um qualquer projecto comum que não resultou e que trazem por isso sentimentos de culpa, fracasso e tristeza. lembrei-me também da importância de um casal que coabita lavar a roupa na mesma máquina de lavar, como se a máquina fosse o lugar onde os dois (ou os três ou quatro) se misturam, sujos, e se purificam, em conjunto. por isso sempre que havia tensões a dois, a roupa dele era posta de lado, enfiada num saco e enviada para a mãe. não quero misturas. a tua roupa suja és tu e eu não quero misturá-la comigo, na máquina da purificação. um dia, ele fartou-se de não lavar roupa suja e saiu de casa, e ela ficou com saudades de ver as suas roupas misturadas e penduradas ao lado uma da outra a secar. e então só conseguia pensar no luga...

mete-te no comboio...

--> Um dia que tu, leitor, esfalfadíssimo, entediado, moído, quiseres dar tréguas a tantas e tão variadas sobrecargas da vida intensa do século, para arejar o espírito, sai da maçada da conquista do pão e atira-te por este Minho , sem ideia de leres jornais e sem mesmo a companhia de um livro... Encaderna-te modesta e comodamente numa roupa folgada e começa a ver tudo quanto tens na terra – tudo quanto seja digno de ser apreciado, estudado e meditado! Arreda-te da politicagem, que não te adianta caminho (aqui me tens, republicano autenticamente histórico, que troca a mais lírica oratória do António José de Almeida ou todas as ironias picantes do Brito Camacho pela paisagem desta bem fadada região do Norte!) Mete-te no comboio... Quem me dera envelhecer (disse eu um dia, a um amigo) num lugar como os que vi, com muitas árvores, muito sol e poucos homens...   (adaptado de Augusto Soucasaux, Setembro de 1915)

confiança!

Notícias do Norte, 1919. O ano de 2012 não podia começar melhor, com esta comunicação da Câmara Municipal de Braga . Finalmente, depois duma primeira auscultação informal, um concurso de ideias a sério, que visa enformar o projecto arquitectónico de recuperação da antiga fábrica e perfumaria Confiança. Vamos a isso!  [ só até 31 de Janeiro de 2012 ]