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o tempo social como conceito teórico
[tradução livre de artigo "Social Time as a Theoretical Concept and Everyday Reality" de Jiri Zuzanek]
Aristóteles é tido por alguns autores como o introdutor da noção de tempo subjectivo ou tempo real, oposta ao tempo físico ou astronómico (Fraisse, 1963).
No final do século XIX, a noção de tempo interior ou subjectivo tornou-se central num renovado interesse entre os cientistas sociais e objecto popular de investigação (Bergson, 1960).
Desde os anos 20 que podemos distinguir duas aproximações ao estudo do tempo vivido ou real no seio das ciencias sociais, nomeadamente a abordagem da psicologia que examina a relação entre percepções subjectivas do tempo e a definição da situação ou das disposições pessoais do actor (natureza de actividade, mood, expectativas), e a abordagem sociológica que define tempo vivido como ordem colectiva temporal e experiência determinada primeiramente por factores sociais [...]
A abordagem inicial da psicologia está bem representada pelo trabalho do filósofo francês Henri Bergson, e na abordagem sociológica dum seu estudante que se tornou sociólogo, Maurice Halbwachs.
Contra o conceito de tempo quantitativo, homogéneo e mecânico (relógio), Bergson avançou com a noção de tempo interior (inner time) qualitativo e heterogéneo ou duração, que experimentalmente não pode ser dividido em intervalos iguais. Esta abordagem foi seguida por autores como Bachelard (1936) e Fraisse (1963), para nomear dois deles.
Em oposição a Bergson, Halbwachs, na sua obra "The Collective Memory" (1980), definiu o tempo como experiência colectiva mais do que individual, e enfatisou a dependência da percepção do tempo como pertença de grupos específicos (milieus) ou situações históricas e circunstâncias (revolucionárias, opostas aos chamados períodos “normais”).
Esta linha de investigação foi continuada nos anos 30 e 50 por autores como Georges Gurvitch (1973), Sorokin (1943), Merton (1939), e, mais recentemente, Zerubavel (1981, 1985).
Infelizmente, pouco foi feito até à data, para examinar empiricamente o tempo social. Enquanto os psicólogos conduziram estudos de variações na percepção subjectiva da duração do tempo (Fraisse, 1963), o conceito de tempo social foi avançando como construção teórica suportada por análises socio-históricas e não por investigaçãos empíricas.
São reduzidas as tentativas de examinar o tempo social empiricamente, e na maioria confinadas a análises secundárias de estatísticas históricas (horas de trabalho, férias e por aí fora) ou time-budget data (Szalai, 1972; Robinson, 1977).
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Zuzanek examina o conceito de tempo social ou “colectivo” (Halbwachs, 1980; Sorokin, 1962; Zerubavel, 1981, 1985) e a forma como se relaciona com o tempo físico (relógio) e psicológico ou “duração” (Bachelard, 1936; Bergson, 1960; Fraisse, 1963).
O conceito de tempo social, definido como os ritmos temporais da vida quotidiana, e operacionalizados como a semana, o tempo do dia e tempo situacional ou tempo do grupo, é examinado tendo por base dados recolhidos como parte de duas Experience Sampling Surveys, conduzidas por Jiri Zuzanek em cooperação com o Professor R. Mannell em 1982 e 1985 na área de Kitchener-Waterloo.
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